quarta-feira, 9 de setembro de 2009

UHE ESTREITO MUDA A REALIDADE NA REGIÃO TOCANTINA

A convite do Consórcio Estreito Energia, um grupo de jornalistas de São Luís e Imperatriz viajou na última quarta-feira, 2, até Estreito (MA), distante 766 km da capital, para ver de perto o andamento de uma das maiores obras que o estado já teve notícia: a Usina Hidrelétrica Estreito, orçada em R$ 3,6 bilhões e uma das mais importantes obra em andamento do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, do governo federal. O empreendedor da UHE Estreito é o Consórcio Estreito Energia (Ceste), formado pelas empresas GDF SUEZ Energy (40,07%), Vale (30,00%), Alcoa (25,49%) e Camargo Corrêa Energia (4,44%).

A obra está localizada numa região estratégica: o acesso terrestre à região do empreendimento, a partir das principais capitais das regiões Sudeste e Centro-Oeste, se dá pela rodovia BR-010/226 (Belém-Brasília), que passa pelo município de Estreito - MA e segue em direção à cidade de Belém-PA. A partir do Município de Estreito, em direção ao reservatório, o acesso é feito pela BR 010/230 (Rodovia Transamazônica), chegando à cidade de Carolina - MA, situada aproximadamente no ponto médio do reservatório.

A partir de Imperatriz - cidade mais próxima onde fica localizado o aeroporto, distante 120 km de Estreito - é possível perceber as mudanças nas outras cidades que ficam próximas ao empreendimento. O comércio passou por uma nova dinâmica, há dezenas de carros e caminhões na pista e novas oportunidades de trabalho surgem todos os dias de forma indireta. Quem conheceu aquela região antes da implantação da obra consegue perceber facilmente a diferença. As casas, como a grande maioria das que existe no interior do estado, eram mais simples e o comércio, mais tímido. Hoje, o movimento de pessoas e trabalhadores é intenso e o número de placas de empresas e anúncios com vagas de trabalho fazem parte de um cenário comum. Seu João Marques, motorista de van, nascido em Estreito há 44 anos é quem atesta: “Nunca o nosso município teve uma oportunidade como estas. (A UH Estreito) isso foi uma benção para nós”.

Chegando ao canteiro de obras, a estrutura impressiona: são 1.300 hectares, com 7.500 trabalhadores que vivem no alojamento e mais 500 que vivem nas cidades próximas. Na segunda quinzena deste mês está previsto um dos grandes marcos da obra: a mudança do leito do rio Tocantins. Do lado do estado do Tocantins, a área demarcada para obra já vai ficar parcialmente submersa. A implantação do empreendimento segue um cronograma dividido em três fases. A fase zero compreendeu a instalação do canteiro de obras de 1.300 hectares de área. A fase um envolveu os serviços de escavações e movimento de terras para a construção das ensecadeiradas e do vertedouro. Atualmente a obra encontra-se na fase dois, que compreende a concretagem da casa de força, na margem direita, onde ficarão as oito turbinas geradoras de energia, e do vertedouro, na margem esquerda do rio Tocantins, estrutura destinada a escoar água de um reservatório. A água que sai do vertedouro não produz energia elétrica. Só até esta fase, já foram gastos mais de 200 mil toneladas de cimento e 40 mil toneladas de aço.

Remanejamento – Paralelo aos trabalhos realizados no canteiro, também ocorreram os serviços de remanejamento da população, que inclui a indenização de propriedades, a aquisição de imóveis por meio de cartas de crédito e o reassentamento, de relocação da infraestrutura na área do futuro reservatório da UHE Estreito e entorno, que englobam a construção e alteamento de pontes, relocação de linhas de transmissão, construção de estradas e atracadouros, entre outras obras. Foram realizadas 53 reuniões coletivas e 2.086 visitas individuais às famílias, exclusivamente para informações sobre o Plano de Remanejamento da População. Cerca de duas mil famílias foram remanejadas.

Em entrevista coletiva concedida no canteiro das obras, o presidente do Ceste, José Renato Ponte, afirmou que “cerca de 80 a 90 por cento das famílias já foram indenizadas. A escolha de 90 por cento dos proprietários foi pela carta de crédito e reassentamento. Foram investidos cerca de R$ 300 milhões na questão fundiária. Cada família recebeu uma de nossas equipes pelo menos cinco vezes”, afirma. O presidente também informa que são investidos cerca de R$ 15 milhões na região, entre benefícios sociais e outras ações (só de impostos são gerados cerca de R$ 4 milhões). A prioridade são empresas da região (há 103 contratadas).

Ele também acrescentou que a área de influência direta da Usina Hidrelétrica Estreito (UHE Estreito) não interfere em terras indígenas, uma vez que a terra indígena próxima se localiza a 40 km à jusante da barragem. A previsão é que o enchimento do reservatório seja iniciado em 2010 e no mesmo ano comece a operar a primeira das oito turbinas geradoras de energia.

Localização – A Usina de Estreito está localizada ao norte do Tocantins e sudoeste do Maranhão. O barramento estará situado entre os Municípios de Palmeiras do Tocantins e Aguiarnópolis, no Tocantins, e Estreito, no Maranhão. Os municípios da área de abrangência da UHE Estreito, que considera não só o local da barragem, como também o respectivo reservatório e entorno, são: Carolina e Estreito, no Maranhão; Aguiarnópolis, Babaçulândia, Barra do Ouro, Darcinópolis, Filadélfia, Goiatins, Itapiratins, Palmeirante, Palmeiras do Tocantins e Tupiratins, no estado de Tocantins, totalizando 12 municípios.

A Usina terá capacidade instalada total de 1.087 MW e reservatório com área total de 555 km², tendo cerca de 260 km de extensão ao longo do rio e área de terras efetivamente inundadas de 400 km². O lastro da UHE Estreito é capaz de suprir na totalidade as demandas atuais de energia dos Estados do Maranhão e Tocantins, juntos. A energia que será gerada poderá abastecer uma cidade com mais de 4 milhões de habitantes. O nível de água máximo normal do reservatório na área da barragem de Estreito ficará na cota 156,0m.

Detalhes da Usina Hidrelétrica Estreito

Início das obras: 15 de fevereiro de 2007
Custo do empreendimento: cerca de R$ 3,6 bilhões
Potência instalada da usina (capacidade nominal instalada): 1.087 MW
Energia assegurada: 584,9 MW médios
8 unidades geradoras Kaplan, de 135,87 MW cada
Barragem: 537m de comprimento e altura máxima de 57 m
Início de enchimento do reservatório: 2010
Início da operação da primeira turbina: 2010
Compensação financeira pela utilização de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica aos estados e municípios que terão área alagada pela formação do reservatório da UHE Estreito: cerca de R$ 20 milhões anuais
Recursos sobre geração de impostos durante a construção da barragem: cerca de R$ 190 milhões
Recursos sobre geração de impostos após a construção da barragem: cerca de R$ 170 milhões/ano
Localização: a 130 km da Cidade de Imperatriz/MA e 513 km da Cidade de Palmas/TO. Acesso ao canteiro de obras pela Rodovia Belém – Brasília

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