sexta-feira, 17 de setembro de 2010

TRUCULÊNCIA: MÚSICO É PRESO E SOFRE GRAVES QUEIMADURAS APÓS SER ATROPELADO POR POLICIAL EM ROSÁRIO

O músico Carlindo da Cruz, 36 anos, denunciou ontem que foi arbitrariamente preso, após uma discussão com um policial civil, no município de Rosário, e que durante o período em que ficou detido no corredor da Delegacia de Polícia, foi agredido por presos que lhe jogaram um líquido quente, que causou graves queimaduras em seu corpo.

Carlindo da Cruz, que é cantor e revendedor de motocicletas em Rosário, formulou denúncia ao Ministério Público, dizendo que as queimaduras de segundo grau, que afetaram seu rosto, estão lhe prejudicando até mesmo a visão.

Carlindo da Cruz, mais conhecido como “Carlinhos”, relatou que a confusão começou na tarde do dia 5 de setembro, quando estava conduzindo uma motocicleta de sua propriedade, uma Titan 150, no sentido Bacabeira – Rosário. Ao passar em frente à Delegacia de Polícia de Rosário, colidiu com um veículo Ford Fiesta, conduzido pelo policial civil Francisco Rodrigues de Castro Neves, que vinha no sentido contrário, e que fez a conversão do veículo sem sinalizar, para entrar no estacionamento da delegacia.

Ocorreu um choque da moto com o Fiesta e Carlindo da Cruz atribui a culpa da colisão à forma imprudente como o policial civil fez a manobra para adentrar na Delegacia de Polícia. Carlinhos disse que por ocasião do acidente estava usando capacete, com habilitação e o documento da motocicleta e que conduzia a moto em velocidade compatível, e que o condutor do Fiesta também conduzia o veículo em velocidade baixa, porém fez bruscamente a conversão, para entrar no prédio da Delegacia de Polícia.

Após a colisão Carlinhos caiu no chão, ficando a moto em cima de sua perna direita, causando-lhe um corte abaixo do joelho. Ao levantar-se do chão, o jovem dirigiu-se ao condutor do Fiesta, sem saber que este era um policial civil, e perguntou-lhe se ele “estava doido”.

Iniciou-se então um bate-boca entre os dois e Carlinhos conta que, momento depois, foi abordado por outros policiais civis que estavam no plantão. “Eles pegaram a minha moto, juntamente com meus documentos, dinheiro, a chave da minha residência e a chave da moto e me levaram para dentro da Delegacia de Polícia. Foi quando o policial Shaolim me algemou, dizendo que eu estava preso por desacato a autoridade e, com a ajuda de dois outros policiais, me levaram para o corredor das celas da delegacia”, afirmou Carlinhos.

Ele contou ainda que, algemado, permaneceu por 40 minutos no corredor da delegacia, quando uns presos passaram a jogar-lhe um líquido quente, que acabou atingindo-lhe no rosto. “Não sei se era urina ou água, mas o líquido quente me atingiu no rosto, na cabeça, na barriga, me causando queimaduras de segundo grau. E durante todo o tempo em que eu estava sendo agredido pelos presos, eu gritava pelos policiais e nenhum deles foi em meu socorro”, afirmou Carlinhos.

Ele prestou depoimento à promotora de Justiça da Comarca de Rosário, Elisabeth Albuquerque de Sousa Mendonça, afirmando que somente foi liberado da Delegacia de Polícia depois que assumiu com os policiais o compromisso de não fazer qualquer denúncia das agressões que sofreu.

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