sexta-feira, 10 de agosto de 2012

CASO DÉCIO: RAIMUNDO CUTRIM É CITADO COMO MANDANTE E IRÁ DEPOR

O deputado estadual Raimundo Cutrim (PSD) será chamado pela Polícia Civil do Maranhão para prestar depoimento no inquérito que apura o assassinato do jornalista Décio Sá, ocorrido em São Luís, em um bar da Avenida Litorânea, na noite de 23 de abril passado.
A Polícia Civil, através Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic), confirmou neste final de semana que o parlamentar do PSD será ouvido em depoimento formal à Polícia.
Delegados que integram a comissão investigadora do homicídio acreditam que até a próxima sexta-feira (10) o inquérito poderá estar concluído. Os delegados querem tomar o depoimento de Raimundo Cutrim pelo fato de o nome do deputado ter sido citado diversas vezes pelo executor do crime – o pistoleiro paraense Jhonatan de Sousa Silva, de 24 anos - como suposto principal mandante da morte do jornalista Décio Sá.

O deputado Raimundo Cutrim deverá depor na Polícia sobre o assassinato do jornalista Décio Sá
Ao prestar depoimento à polícia, no dia 9 de junho, o executor de Décio Sá, por três vezes, citou o nome do deputado Raimundo Cutrim como suposto mandante do assassinato, tomando como referência diálogos com um dos intermediadores do crime, o empresário José Raimundo Sales Chaves Júnior, o “Júnior Bolinha”, preso pela polícia.

A segunda citação do nome do deputado estadual, durante as investigações, veio à tona no dia 29 de junho, quando parte do depoimento do empresário Gláucio Alencar Pontes Carvalho, apontado como líder da rede de agiotagem que ofereceu R$ 100 mil pela morte de Décio Sá, “vazou” na internet.

Em um dos trechos de seu depoimento, o agiota revela aos delegados da comissão investigadora que, em uma das últimas reuniões que teve com o colega empresário, presenciou quando Júnior Bolinha disse que era amigo do deputado Raimundo Cutrim. Nesse ínterim, o parlamentar se defendeu, usando a tribuna da Assembleia Legislativa.

Duro pronunciamento na tribuna – No discurso que proferiu na tribuna da Assembleia Legislativa, o deputado Raimundo Cutrim (PSD) atacou duramente o secretário de Segurança Pública, Aluísio Mendes. 'É um moleque travestido de secretário. Não tem condições de ser nem faxineiro, quanto mais secretário', afirmou Cutrim num trecho de sua fala.

O deputado teve seu nome envolvido na morte do jornalista Décio Sá – ocorrida em abril passado –, num depoimento prestado à polícia por Jhonatan de Sousa Silva, 24 anos, preso sob a acusação de ser o executor de Décio.

Raimundo Cutrim foi secretário de Segurança Pública por quase seis anos (de julho de 1997 a abril de 2002, e de abril de 2009 a março de 2010). Desde que assumiu, substituindo Cutrim, o atual ocupante do cargo, Aluísio Mendes, tem sido alvo de constantes críticas do parlamentar na Assembleia Legislativa do estado.

Segundo afirmou o deputado Raimundo Cutrim, o depoimento do assassino confesso foi 'montado' pelo secretário Aluísio Mendes. '[Jhonatan de Souza] é um papagaio ensaiado. Foi tão mal ensaiado que falou bobagens', disse o deputado.

Expressando revolta, o parlamentar chegou a proferir por seis vezes a palavra 'porra'. 'Não aceito o que esse moleque travestido de secretário quer fazer comigo. É uma falta de respeito o que estão querendo fazer comigo', discursou Cutrim, que ainda afirmou que se tivesse algo pessoal contra Décio Sá, resolveria pessoalmente e não mandaria ninguém fazer isso por ele.

'Não tinha nada contra o Décio, e mesmo que tivesse eu resolveria com ele, na porrada, na bala, como fosse, mas não sou homem de mandar fazer, isso é coisa de covarde', declarou.

'Ninguém queira passar pelo que estou passando. Tenho uma vida limpa, de policial honesto e, de repente, da noite para o dia, vejo pessoas me olhando de maneira estranha e desconfiada. Isso é terrível para um delegado da Polícia Federal', afirmou Cutrim.

O parlamentar também exibiu, na tribuna da AL, cópias de um ofício encaminhado à comissão de delegados que investiga a morte de Décio Sá, colocando-se à disposição para depor. 'Abro mão até das prerrogativas constitucionais de deputado para ser ouvido', declarou Cutrim.

O deputado afirmou que estava acompanhando atentamente os fatos que estão sendo divulgados pela imprensa e que se viu na obrigação de prestar esclarecimento sobre a citação do seu nome do interrogatório do pistoleiro Jhonatan. 'Sinto-me enojado com essa molecagem que estão querendo fazer comigo', desabafou.

Cutrim disse que tinha ouvido calado a tentativa de envolvimento do seu nome com o assassinato do jornalista, mas que não é homem de ficar acuado. Narrou sua história de policial e os casos em que atuou que tiveram repercussão nacional para cobrar respeito, ressaltando que 'nunca fui homem de mandar fazer e muito menos servir de moleque de recado'.

'Se o Júnior Bolinha tem problemas com o caso, eu não tenho nada a ver com isso. Não é porque uma pessoa é amiga da outra e essa outra pessoa comete um crime quer você tenha algum envolvimento; agora, ensaiar um papagaio e jogar em cima de mim eu não admito', enfatizou.

O ex-secretário ressaltou que na entrevista do executor do crime, Jhonatan se refere a Raimundo Cutrim. 'Não conheço uma única pessoa no Maranhão que me chame de Raimundo Cutrim. Me chamam Dr. Cutrim ou Cutrim', lembrou.

Cutrim aproveitou sua presença na tribuna para analisar alguns trechos do depoimento do pistoleiro e apontar, segundo ele, uma série de contradições, principalmente onde é citado como suposto mandante do crime, para afirmar que Jhonatan foi ensaiado pelo secretário Aluísio Mendes para incriminá-lo. (Jornal Pequeno)

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