Jornal Pequeno com edição do blog do John Cutrim- A
ex-governadora Roseana Sarney deverá ser ouvida na Secretaria de
Segurança Pública do Maranhão a respeito do seu envolvimento no
pagamento de um precatório milionário à Construtora Constran, depois de
um acordo entre o Governo do Estado e a empreiteira.
O caso que envolve Roseana foi
encaminhado à Justiça do Maranhão, pelo ministro Luís Felipe Salomão, do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), para que todo o processo seja
iniciado em primeira instância, já que a ex-governadora deixou de ter
foro privilegiado a partir do encerramento do seu mandato. Distribuído
para a 3ª Vara Criminal, em São Luís, que tem como titular o juiz José
Gonçalo, como ainda não se trata de um processo, o caso foi encaminhado à
Central de Inquéritos do TJMA, integrada pelos juízes Antônio Luiz de
Almeida Silva, Osmar Gomes dos Santos e Cândido José Martins de
Oliveira, além de três promotores de Justiça. Eles darão início ao
processo solicitando a abertura de inquérito na Secretaria de Segurança
Pública, para que inicie uma investigação sobre a citação da
ex-governadora e de outros integrantes do governo no escândalo do
precatório da Constran. Cabe à polícia marcar hora, local e expedir
intimação para ouvir a ex-governadora maranhense.
Além de Roseana, prestarão depoimento na
SSP os ex-secretários João Abreu (Casa Civil), João Bernardo Bringel
(Planejamento), Helena Haickel (ex-procuradora Geral do Estado) e a
assessora Graça Cutrim. Todos foram citados pelo doleiro Alberto Youssef
em delação premiada na Justiça do Paraná.
Colhidos os depoimentos e concluído o
inquérito, o caso retorna à 3ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça, que
decidirá se inicia ou não a ação penal contra os citados, nesse caso,
já na condição de réus.
O CASO
A Polícia Federal apurou que a então
governadora Roseana Sarney recebeu R$ 900 mil do esquema de corrupção
que tinha à frente o doleiro Alberto Youssef, preso pela Operação Lava
Jato, da Polícia Federal, em 17 de março de 2014, no Hotel Luzeiros, em
São Luís.
Segundo reportagem publicada na revista
‘Veja’, o dinheiro foi entregue em três parcelas de R$ 300 mil, por um
dos “homens da mala” (entregadores de dinheiro) de Youssef, Rafael
Ângulo Lopez, apelidado de “Véio”, para o ex-chefe da Casa Civil do
governo maranhense João Guilherme Abreu, homem de confiança de Roseana
Sarney.
O dinheiro faria parte de um acordo,
firmado em setembro de 2013, entre o Governo do Maranhão e Alberto
Youssef, para que Roseana liberasse o pagamento de um precatório (dívida
pública) de R$ 120 milhões beneficiando a empresa UTC-Constran. O
precatório se referia a um contrato, feito na metade da década de 1980,
para serviços de terraplenagem e pavimentação da BR-230.
O Governo do Maranhão teria exigido R$ 6
milhões em propina para pagar o precatório. Youssef receberia R$ 12
milhões das construtoras, caso o acordo fosse cumprido. Dias depois do
acordo, o precatório, que era o quinto na ordem de pagamentos de
precatórios do governo maranhense, “furou a fila” e foi liberado em 24
parcelas.
Este caso do precatório da UTC-Constran e
da suposta propina paga a Roseana Sarney já havia aparecido no começo
da “Operação Lava Jato”, que investiga o escândalo do “petrolão” –
pagamento de propinas a diretores da Petrobras e políticos, envolvendo
doleiros. Na ocasião, em agosto de 2014, Roseana Sarney e o mesmo João
Abreu também foram citados pela contadora do doleiro Alberto Youssef,
Meire Bonfim da Silva Poza, em depoimentos à Polícia Federal e à CPMI da
Petrobras.
Poza afirmou que uma das remessas da
propina de R$ 6 milhões a Roseana foi levada, também ao Palácio dos
Leões, em São Luís, por outro “mala” de Alberto Youssef, segundo a
Polícia Federal: Adarico Negromonte, irmão do ex-ministro das Cidades
Mário Negromonte. O valor foi de R$ 300 mil. A pessoa que recebeu o
dinheiro teria reclamado da quantia e consultado a então governadora
Roseana para saber se o montante deveria ser recebido. Após este
rumoroso escândalo, Roseana desistiu de disputar a vaga ao Senado,
conquistada por Roberto Rocha (PSB), nas urnas de 5 outubro de 2014.
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