quarta-feira, 2 de julho de 2008

INDIOS GUAJAJARAS RECEBEM AMEAÇAS E SOFREM ATENTADOS EM GRAJAÚ.

Na madrugada de quinta-feira (26) para sexta-feira passada (27), dois indígenas do povo Guajajara – que vive próximo ao município de Arame, no Maranhão – tiveram suas casas baleadas. Os indígenas estavam no momento do atentado em Grajaú (A 600 km São Luís, no sudoeste do estado). Já são quatro os ataques a índios na região em pouco menos de dois meses.

Os disparos aconteceram entre as 23h30 e 0h30 e os autores deixaram bilhetes com ameaças na porta dos indígenas que diziam: “Instinto de sobrevivência todo mundo tem, mas só alguns têm coragem de matar. Chegou a hora dessa turma morrer”. Além da ameaça, os bilhetes continham uma lista com os nomes de seis outros indígenas guajajaras a serem executados.

Na mesma noite, horas antes dos disparos em Grajaú, por volta das 21h30, também foram disparados tiros na aldeia Angico Torto, na terra indígena Araribóia, município de Arame. Nesta ocasião também foi deixada uma cópia do bilhete, contendo as mesmas ameaças já mencionadas.

Os indígenas tentaram fazer um Boletim de Ocorrência na delegacia de Grajaú, mas os policiais civis no estado estão em greve e se negaram a registrar a queixa.

Numa região que é palco de intensa atividade de madeireiros ilegais, há a suspeita de que um grupo de extermínio esteja agindo nas áreas indígenas guajajaras – principalmente em Grajaú e Arame.

Na noite de 5 de maio, dois homens encapuzados invadiram a aldeia Anajá, na terra indígena Araribóia, próxima ao município de Arame, e mataram uma menina Guajajara de 7 anos com um tiro na nuca quando ela assistia TV numa casa da aldeia, às margens da rodovia MA-006. Um menino índio de 12 anos, irmão da garota, também foi atingido na perna e sobreviveu. Os agressores fugiram.

Já no dia 23 de maio, um casal de indígenas guajajaras que caminhava em direção à aldeia Bacurizinho pela rodovia MA-006 – próximo ao povoado de São Raimundo – foi atingido a tiros por dois homens que passavam de moto pelo local. Itamar Carlos Guajajara, 35, foi atingido com um tiro nas costas, que perfurou seu pulmão, e Deolice Rodrigues Guajajara, 30, foi ferida na coxa direita.

Agentes da Polícia Federal (PF) se deslocaram a Grajaú para investigar os ataques, mas deixaram a região sem nenhum resultado conclusivo nas apurações. A entrada da PF na investigação dos ataques foi pedida pelo procurador da República no Maranhão, Alexandre Soares.

Não foi identificado nenhum motivo para as agressões. Após uma observação detalhada dos casos de violência, a equipe do Cimi na região identificou que todos possuem relação com a questão da terra e/ou com a exploração ilegal de madeira. As agressões têm ocorrido principalmente por motivos econômicos e não apenas por preconceito.

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